Propagação clonal de Eucalyptus e Corymbia utilizando miniestaquia

A propagação clonal de Eucalyptus e Corymbia atualmente é realizada,em sua maioria, por meio da técnica de propagação vegetativa conhecida como miniestaquia. Os plantios clonais, após décadas de melhoramento genético de espécies e híbridos de interesse econômico para os mais diversos objetivos, apresentam maior homogeneidade e produtividade quando comparados aos plantios seminais realizados nos primórdios da introdução destes gêneros no Brasil.

A produção de mudas de eucalipto no Brasil teve início no começo do século XX, visando atender as demandas de madeira para construção de ferrovias, com os primeiros estudos sobre eucalipto conduzidos pelo engenheiro agrônomo brasileiro, Edmundo Navarro de Andrade (SCHUMACHER; VIEIRA, 2016). A propagação seminal, no entanto, formava plantios heterogêneos que consequentemente apresentavam baixa produtividade e maior dificuldade no manejo das árvores.

Na década de 60, a cultura do eucalipto se expandiu para outras regiões do país sofrendo grandes perdas, consequentes da disseminação do cancro, doença causada pelo fungo Chrysoporthe cubensis, o que impulsionou os estudos na propagação vegetativa da cultura. Então, em 1979 foi implantado o primeiro plantio clonal de eucalipto em escala comercial, utilizando a técnica de estaquia (SCHUMACHER; VIEIRA, 2016).

Tal processo de propagação vegetativa se baseia em colocar uma estaca caulinar de comprimento padronizado (de 6 a 10 cm),que são obtidas das brotações provenientes das cepas de materiais genéticos selecionados, em um meio adequado para o enraizamento e o desenvolvimento da sua parte aérea, formando uma muda clonal.

A miniestaquia, considerada a evolução da técnica de estaquia, é uma técnica de propagação vegetativa que utiliza brotações de uma planta para produzir novas plantas geneticamente idênticas à essa matriz. As plantas que fornecem esses propágulos são chamadas de minicepas e são conduzidas para produzir as brotações, denominadas miniestacas, que após enraizarem em casa de vegetação (estufa) se tornam mudas clonais. O conjunto de minicepas compõem o minijardim clonal, apresentando maior produtividade do que a estaquia convencional, e por estar localizado dentro do viveiro, proporcionam maior controle nutricional e fitossanitário (XAVIER et al., 2021).

sif, ufv, sociedade de investigações florestaisO sucesso da técnica de miniestaquia é avaliado,na maior parte das vezes, pela taxa de enraizamento do material utilizado. Variados são os fatores que influenciam esse enraizamento, como a temperatura, luminosidade, balanço hormonal da minicepa e miniestaca, e umidade relativa do ar.

Buscando novas tecnologias na produção de mudas clonais de Eucalyptus e Corymbia, foram desenvolvidas novas técnicas de propagação vegetativa, que visam o aumento da produtividade e do controle do processo e rejuvenescimento dos clones utilizados. A partir do uso das estruturas dos laboratórios de cultura de tecidos, foi desenvolvida a técnica de microestaquia, que utiliza propágulos das gemas axilares de uma estaca para produzir novos indivíduos. A área necessária para produção das mudas clonais micropropagadas é inferior do que a área utilizada na estaquia e miniestaquia, além de ser um ambiente asséptico que propicia a produção de material livre de patógenos.

sif, ufv, sociedade de investigações florestais

Edgard Vinicius Lima

Coordenador Operacional do GT Propagação Clonal e Viveiros

sif, ufv, sociedade de investigações florestaisVitor Queirós Ramos

Graduando em Engenharia Florestal – UFV

Referências:

SCHUMACHER, M. V.; VIERA, M. (Ed.). Silvicultura do eucalipto no Brasil. Fundação de Apoio a Tecnologia e Ciência – Editora UFSM, 2016.

XAVIER, A.; WENDLING, I.; DA SILVA, R. L. Silvicultura Clonal: princípios e técnicas. 3ª ed. Viçosa – MG: Editora UFV, 2021. 275 p.