Mais uma espécie nativa, o Ipê Roxo floresce precocemente e em baixa altura na UFV

O programa de melhoramento florestal da UFV, capitaneado pelo grupo de pesquisa GenMFlor conseguiu fazer florescer precocemente mais uma espécie nativa no pomar indoor do Departamento de Engenharia Florestal.
Dessa vez, a espécie que floresceu foi o Ipê Roxo (Handro-anthus impetiginosus). Os indivíduos dessa espécie floresceram com cerca de 1 metro de altura e apenas 9 meses após a enxertia. Essa é a terceira espécie que já floresceu dentro do programa de trabalho da UFV, anteriormente também haviam florescido precocemente a Aroeira e o Jacarandá.
Os resultados desse trabalho são importantes e podem mudar processos de conservação genética de espécies nativas porque muitas vezes uma espécie e os compostos fisiológicos e químicos dos indivíduos de sua população não estão estudados de maneira efetiva no presente, por dificuldades técnicas atuais, mas que podem ser vencidas no futuro com o desenvolvimento de novas tecnologias. Por exemplo, novos conhecimentos em nanotecnologia têm permitido conhecer melhor os diversos componentes químicos das plantas e o seu uso medicinal.
Nesse sentido, muitas vezes árvores atingidas por acidentes ambientais ou programas de supressão da vegetação, tem seu DNA perdido pela morte da árvore matriz que “abrigava” seu DNA, antes que essa composição genética pudesse ser melhor estudada.
A propagação vegetativa via enxertia de espécies arbóreas em risco de morte, pode propiciar a manutenção do DNA desses indivíduos ao longo do tempo. Essa técnica, aliada a indução de florescimento precoce através da aplicação de estimulantes de florescimento pode permitir que esse material enxertado produza flores e frutos mais rapidamente e possam ser plantados nas áreas contaminadas após a melhoria da condição da área para plantio, retornando com o mesmo DNA do indivíduo que estava em risco para o mesmo local de ocorrência natural.
Outra vantagem é que a indução de florescimento precoce, possibilita a produção de flores, pólen e frutos em copas com menores alturas e idades, facilitando o trabalho de manejo de pólen, polinização natural e artificial e produção e colheita de sementes.
Com isso, os agentes polinizadores e dispersores de sementes podem ser atraídos mais rapidamente a área, acelerando o processo de sucessão ecológica.
O trabalho que apresenta alto teor de inovação e uso prático no curto prazo tem despertado interesse de empresas como Anglo American e Vale, que tem discutido com a SIF/UFV o uso dessas técnicas em escala operacional em programas de restauração florestal e conservação genética.