Tolerância à Seca

Recentemente, grandes variações climáticas têm sido observadas em todo o mundo, dentre as quais, eventos de seca têm se destacado. Nesse contexto, a alta frequência de escassez hídrica nos últimos anos no Brasil comprometeu grandes áreas de cultivo de Eucalyptus, provocando perdas de aproximadamente 150.000 hectares de florestas plantadas somente no estado de Minas Gerais. Tais prejuízos chamaram a atenção de diversas empresas florestais pela proporção atingida, servindo como um alerta ao setor.

Em busca de desenvolver genótipos tolerantes ao déficit hídrico (progênies e clones) e que possuam produtividade igual ou superior aos materiais genéticos atualmente disponíveis para plantio nas grandes empresas do setor florestal brasileiro, criou-se o projeto “Tolerância à Seca”. O projeto é coordenado pelo Professor Glêison Augusto e é resultado de uma parceria público-privada entre a Sociedade de Investigações Florestais (SIF), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e 15 grandes empresas do setor florestal brasileiro.

Em 2020, o projeto chegou à sua Fase 3, com importantes resultados alcançados: dados do inventário de 18 meses realizado no site da empresa Vallourec em Bocaiúva indicam que a sobrevivência do teste é alta (>93%) e que a média de altura é de 6,8 m e DAP médio de 6,5 cm; em relação à fisiologia, comenta-se que arquitetura da copa, morfologia foliar e densidade de venação são variáveis importantes para a tolerância ao déficit hídrico, sendo que  estas variáveis estão sendo mensuradas para estreitar ainda mais as evidências observadas em campo para lidar com o déficit hídrico.

 

  

“Participar do Projeto Tolerância à Seca tem sido uma experiência ímpar, pois permite unir a área de pesquisa, que tenho me especializado ao longo da pós graduação, e a aplicação no setor florestal. Além disso, a parceria entre as instituições público-privada tem permitido grandes avanços no conhecimento de mecanismos de tolerância a seca em eucalipto e participar desses processos é bastante gratificante”, comentou Franciele Santos Oliveira, doutoranda em Fisiologia Vegetal e responsável pelos testes fisiológicos do projeto.

O coordenador operacional do projeto Tolerância à Seca, Guilherme Mendes, fala sobre como é trabalhar no projeto e os principais resultados. “Me sinto muito feliz em fazer parte de um projeto tão grandioso, que reúne as maiores empresas do setor florestal brasileiro em prol de um único objetivo”. Guilherme destaca que o projeto busca complementariedade entre as espécies/clones e sinergia entre as empresas participantes. “Por conta dessa sinergia nunca antes vista, hoje temos uma rede de experimentos em várias regiões com histórico de seca, com material genético potencialmente tolerantes ao déficit hídrico”. Em 2021 o projeto terá como marco a instalação de estufins automatizados nos canaletões do projeto e ainda, testes clonais com mais de 100 clones propagados dentro de uma Universidade Federal. “Com o projeto é possível observar que a parceria público-privada é de extrema importância para o desenvolvimento e fortalecimento do setor florestal”, completa o coordenador operacional.

 

 

Glêison dos Santos
Porfessor Coordenador do Projeto

Guilherme Mendes
Coordenador Operacional

Franciele S. Oliveira
Fisiologia e Nutrição