Eficiência Global de Máquinas Florestais (EGMF): uma nova visão na gestão da colheita florestal

O mercado atual tem exigido cada vez mais que as empresas de manufatura disponibilizem seus produtos com qualidade, rapidez, flexibilidade, confiabilidade e menor custo, e isso não é diferente no setor florestal. A utilização de ferramentas e parâmetros que visam conhecer a capacidade produtiva e as possíveis variáveis que interferem no rendimento de máquinas e equipamentos da colheita e transporte florestal, tornou-se uma preocupação crescente das empresas florestais, visando ao desenvolvimento de técnicas que melhorem o desempenho operacional e a eficiência das máquinas, maximizando a produtividade e reduzindo os custos de produção.

O planejamento operacional das atividades florestais tem por objetivo estabelecer alternativas que propiciem o cumprimento das metas de produção que são determinadas pelo planejamento global da empresa, por meio do conhecimento da eficiência e do desempenho operacional das máquinas e equipamentos utilizados na colheita florestal.

Diante desta complexidade, há a necessidade dos gestores das empresas se prepararem com ferramentas e metodologias para geração de informações de valor a partir de grande quantidade e variedade de dados. Estas informações são pilares para uma tomada de decisão mais ágil e assertiva, garantindo menor tempo de resposta às variações positivas ou negativas do processo.

Mas onde entra o OEE neste contexto?

O OEE (Overall Equipment Effectiveness), que em português significa “Eficácia geral da máquina”, é amplamente utilizado por sua forma simples e direta, e tem a capacidade de dizer o quão efetivamente um equipamento foi utilizado, comparado com a quantidade que o equipamento tem capacidade de produzir. Permite ainda, analisar os principais fatores que afetam o desempenho dessas máquinas, e com isso, desenvolver melhorias no processo ao longo do tempo.

Do ponto de vista da colheita florestal, quatro variáveis são consideradas principais na gestão do desempenho de máquinas florestais, sendo a produtividade da operação, consumo de combustíveis, eficiência operacional e qualidade da operação ou do produto final gerado. É importante ressaltar que estas variáveis estão estritamente relacionadas entre si, e qualquer desvio em uma das partes refletirá no resultado das demais. Portanto, é de suma importância a realização de uma gestão integrada envolvendo estas variáveis na avaliação do desempenho das máquinas utilizadas na colheita florestal.

É neste sentido que são desenvolvidos os indicadores de desempenho, ferramentas capazes de expor características mensuráveis das operações de colheita florestal, desde que sejam relevantes para o acompanhamento e controle da organização, e que, possam agregar valor e auxiliar no desempenho futuro.

Baseado na adaptação do indicador OEE – Overall Equipment Effectiveness,­ se apresenta para gestão integrada das variáveis influentes nas operações de colheita florestal um indicador denominado “Eficiência Global de Máquinas Florestais – EGMF”.

Para o desenvolvimento do indicador Eficiência Global de Máquinas Florestais – EGMF, deve-se prosseguir a uma sequência de etapas. Esta análise é fundamental para o sucesso da utilização deste indicador (EGMF) na gestão da colheita florestal, visto que a escolha das máquinas e variáveis analisadas no processo influenciam significativamente os resultados.

O valor do indicador EGMF deve ser expresso em percentual, sendo calculado pelo produto ponderado das taxas das variáveis escolhidas como representativas: taxa de produtividade da operação (TP), eficiência operacional (EO), consumo de combustível (TC) e qualidade da operação (TQ). Utiliza-se neste cálculo a média ponderada devido a algumas das variáveis no estudo apresentarem maior impacto no processo referente às questões de demanda da fábrica e custos envolvidos. Comenta-se que os valores utilizados podem ser modificados para adaptação à realidade de cada máquina, operação e empresa.

Para demonstrar a utilização do indicador EGMF na gestão da colheita florestal, ilustra-se em tabela e gráfico um estudo realizado com dados de frotas de harvesters em operações de corte florestal mecanizado. Observa-se que a frota 05 apresentou índice de eficiência global superior à meta estabelecida. Tal fato pode ser explicado devido à constância de todos parâmetros estudados, já que a mesma apresentou maior taxa de produtividade, eficiência operacional e qualidade da operação quando se comparada a todas outras frotas.

A partir desta ideia, pode-se criar um dashboard que contenha na tela a análise de cada variável em separado, assim como do indicador EGMF. O autor comenta que esse dashboard pode ser adicionado à programas de gestão florestal, podendo ser acessado através de computadores, tablets e dispositivos móveis pelos supervisores e operadores em campo.

A utilização do indicador EGMF na gestão da colheita florestal se mostra bastante útil, já que obtém informações rápidas e de fácil entendimento a partir de uma imensa quantidade e variedade de dados. Recomenda-se, porém, sua utilização na gestão individual do desempenho dos operadores da atividade, mostrando aos mesmos as causas dos desvios encontrados, para que atuem de forma a minimizá-los e transformá-los em pontos de melhorias no processo.

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Fontes utilizadas:

https://www.locus.ufv.br/bitstream/handle/123456789/25529/texto%20completo.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Contribuíram com essa matéria:

Arthur Araújo

Engenheiro Florestal

Doutorando em Ciência Florestal

 

 

 

Prof. Carlos Cardoso Machado

Doutor em Ciência Florestal

Líder Técnico do GT Colheita e Transporte Florestal

 

 

 

Prof. Raiane Ribeiro Machado

Doutora em Engenharia de Produção na área de Logística

Professora da Universidade Federal de Viçosa

 

 

 

Ítalo Lima Nunes

Engenheiro Florestal

Coordenador Operacional do GT Colheita e Transporte Florestal