Impacto das perdas na qualidade das operações florestais

Visando aperfeiçoar o atendimento aos clientes, ampliar o market share, a receita e consequentemente o lucro, o objetivo de qualquer organização é fazer com que o seu sistema de gestão melhore continuamente, evitando desperdícios.

Em virtude das novas exigências do mercado, as empresas necessitam melhorar seus sistemas produtivos, combatendo incessantemente toda e qualquer perda existente.

Na Gestão da Qualidade (GQ) esse comportamento é evidenciado em filosofias de pensamento enxuto (como a Lean manufacturing), que visa eliminar quaisquer tipos de atividades que gerem despesas e não gera valor agregado para as organizações e seus clientes. Dessa forma o Lean lista uma série de perdas comuns no sistema produtivo, chamadas de MUDA. As sete perdas listadas pelos criadores dessa filosofia são:

  • Superprodução;
  • Espera;
  • Transporte;
  • Processamento excessivo;
  • Estoque,
  • Movimento; e
  • Produção defeituosa (Behnam, Ayough e Mirghaderi, 2018).

O Brasil é um dos países mais desenvolvidos do setor florestal do mundo. Isso devido à alta produtividade e o menor custo de produção em comparação com outros países, resultante dos avanços tecnológicos e condições edafoclimáticas favoráveis à produção.

A área de árvores plantadas para fins industriais no Brasil totalizou 7,83 milhões de hectares, atingindo 6,9% do PIB industrial em 2016 e 1,3% do PIB total, sendo o eucalipto o principal gênero plantado (IBÁ, 2020). O cultivo do gênero Eucalyptus predomina nas regiões tropicais devido seu potencial produtivo e sofre influência de fatores como a constituição genética, preparo de solo, adubação, tratamentos silviculturais, idade, local de plantio e as interações dos diversos fatores, o que pode afetar diretamente a qualidade e o uso final da madeira. O grande aumento da demanda de madeira eleva ainda mais a importância do controle dos processos que quando bem executados maximizam os lucros e minimizam os custos, aumentando a sustentabilidade florestal.

Nesse contexto a eliminação de perdas é uma grande oportunidade para o setor florestal brasileiro. Para Serpe et al (2018), a mensuração das perdas ocasionadas nas atividades florestais, a citar as relacionadas à colheita, são frequentemente ignoradas ou subestimadas, enfraquecendo assim a tomada de decisão baseada em evidência no setor florestal. No mesmo sentido, a criação de um sistema que permita a identificação e quantificação das perdas de uma empresa é útil para auxiliar o processo de análise de desempenho, verificando os impactos das ações na eficiência, o que torna o sistema de mensuração de perdas uma ferramenta vital para apoio gerencial (Lopes; Bum e Gregori, 2009). Tais sistemas permitem que a quantificação monetária das perdas, o que é de suma importância para motivar a organização a analisar os desperdícios, fortalecendo o trabalho da Gestão da Qualidade (GQ).

Pensando nessas necessidades, o GT Qualidade Florestal e o GT Colheita e Transporte Florestal estão trabalhando no entendimento de como aplicar o conceito de perdas no setor florestal, analisando os princípios e métodos de custeio frente à necessidade da medição das operações.

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Referências:

BEHNAM, D; AYOUGH, A; MIRGHADERI, S. Hadi. Value stream mapping approach and analytical network process to identify and prioritize production system’s Mudas (case study: natural fibre clothing manufacturing company). The Journal of The Textile Institute, v. 109, n. 1, p. 64-72, 2018.

 

Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ. (Brasil). Ano base 2019. Relatório 2020. Brasília, 2020.

 

LOPES, L.F.D; DE BUM, D.V; DE GREGORI, R. Identificação das perdas do processo produtivo na fabricação de massas alimentícias: um estudo baseado em sistemas de custos. Ciência e Natura, v. 31, n. 2, p. 35-56, 2009.

 

SERPE, E.L; FIGUEIREDO FILHO, A; ARCE, J.E. Perdas volumétricas relativas à colheita florestal e seus reflexos econômicos. BIOFIX Scientific Journal, v. 3, n. 1, p. 172-176, 2018.

 

  Ítalo Lima Nunes

Engenheiro Florestal

Coordenador Operacional do GT Colheita e Transporte Florestal

 

 

João Victor Ribeiro Santos

Engenheiro de Produção

Coordenador Operacional do GT Qualidade Florestal