ONU declara 2021-2030 como a década sobre restauração de ecossistemas
No dia 1º de março de 2019, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou a próxima década (2021-2030) como a década sobre restauração de ecossistemas através da Resolução A/RES/73/284. A iniciativa se baseia no fato de que o bem estar das populações humanas depende em grande parte dos ecossistemas naturais saudáveis. Esses ecossistemas fornecem serviços essenciais à alimentação e à agricultura, incluindo fornecimento de água doce, proteção contra riscos e fornecimento de habitat para espécies polinizadoras.
A concepção da década visa unir o mundo por trás de um grande objetivo comum: prevenir, interromper e reverter a degradação dos ecossistemas ao redor do globo. No decorrer desse ano acontecerão diversas apresentações e conferências para consolidar a estratégia da ONU para alcançar esse objetivo. As ações vão girar em torno de cinco propostas:
- Apresentar iniciativas bem-sucedidas lideradas pelo governo ou setor privado para interromper a degradação de ecossistemas e restaurar aqueles que já foram degradados
- Aprimorar a troca de conhecimentos sobre o que funciona e por que (aspectos políticos, econômicos e biofísicos) e como implementar a restauração em escala
- Conectar iniciativas que trabalham no mesmo cenário, região ou tópico, para aumentar a eficiência e o impacto
- Criar vínculos entre oportunidades e iniciativas de restauração de ecossistemas com empresas interessadas em construir um portfólio sólido de produção sustentável
- Trazer um amplo espectro de atores a bordo, especialmente de setores que não estão tradicionalmente envolvidos, demonstrando a importância da restauração do ecossistema para a conservação, bem como a geração de benefícios sociais e econômicos.
Estratégia da década
A estratégia foi aberta para consulta pública com prazo máximo até 30 de abril, onde o público teve a possibilidade deixar comentários sobre sua estrutura. Até o momento, a estratégia indica que as ações serão realizadas através de três frentes:
- Construir um movimento global: essa frente inclui criar mecanismos para facilitar a colaboração global, desenvolver um imperativo ético, engajar indivíduos, criar parcerias com a juventude, trabalhar com educadores, apresentar iniciativas emblemáticas e estabelecer fundações pós 2030.
- Gerar apoio político: essa frente gira em torno de engajar chefes de estado e ministros, convocar diálogos intersetoriais e desencadear financiamentos.
- Fortalecimento da capacidade técnica: essa frente tem como foco implementar a ciência e tecnologia na restauração de ecossitemas.
Lições
A seguir estão listadas algumas das lições deixadas pela ONU de como praticar restauração com foco em benefícios sociais:
1) Considerar as raízes: embora a restauração beneficie a população e a natureza, ela não pode impedir a fonte de degradação que nos levou a agir. Além de plantar árvores, devemos nos assegurar as florestas sejam protegidas e que os motivos que levam à degradação sejam compreendidos e combatidos.
2) Trabalhe com a natureza: é mais provável que as árvores prosperem em locais onde costumavam existir naturalmente. A pior opção é converter outros ecossistemas naturais como terras alagadas ou vegetação campestre em florestas, pois também são habitats ameaçados que precisam de proteção. Além disso, o uso de espécies nativas deve ser encorajado, pois elas são adaptadas ao solo e ao clima locais e provavelmente sustentam melhor a biodiversidade da região que espécies exóticas.
3) Trabalhe com as pessoas: é essencial que as árvores cresçam sem perturbações, o que pode exigir o acordo e apoio de outras partes, desde oficiais e líderes de comunidades até agricultores e outros usuários da terra. Os fóruns das partes interessadas são uma característica essencial dos projetos de restauração bem-sucedidos.
4) Pergunte a um especialista: Existem milhares de especialistas em todo o mundo que dedicaram suas vidas profissionais à proteção e restauração de ecossistemas e que podem fornecer conselhos sobre onde e como o plantio de árvores pode ser útil – pergunte a eles!
5) Planeje à frente e seja paciente: a restauração de ecossistemas degradados pode gerar melhorias constantes em longos períodos de tempo. É um processo, e não um objetivo final. Você pode avaliar seu sucesso identificando alguns indicadores importantes que são importantes para as comunidades locais. Tomar um tempo para planejar evitará erros dispendiosos.
Entre os possíveis atores envolvidos na década, está o setor privado disposto a reformar suas visões de negócios e deter os impactos negativos de suas cadeias de suprimentos nos ecossistemas. Inclusive, existe um espaço para deixar registrado como você gostaria de fazer parte desse movimento!
Essa iniciativa mostra como a restauração estará em foco nos próximos anos. Todas essas informações podem ser acessadas no site oficial da Década sobre Restauração de Ecossistemas da ONU. Acesse e conheça!
Luiz Henrique Cosimo
Engenheiro Florestal
Coordenador Operacional GT Restauração
Sebastião Venâncio Martins
Prof. Titular DEF/UFV
Líder Técnico GT Restauração