SIF apoia pesquisas inovadoras para a redução de emissões de gases de efeito estufa no setor de carvão vegetal

Reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) é um objetivo que está na agenda da indústria siderúrgica brasileira. Altamente dependente do uso de carvão mineral, a produção de aço representa mais de 40% das emissões das indústrias nacionais. Em 2020, as duas maiores atividades emissoras em processos industriais foram a produção de ferro gusa e aço, que emitiram 38,8 milhões de toneladas de CO2e, e a produção de cimento, responsável por 22 milhões de toneladas. 

O carvão vegetal, agente bioredutor oriundo de florestas plantadas é uma excelente alternativa para a redução de emissões nos setores siderúrgico e metalúrgico. O Brasil foi pioneiro na utilização dessa matéria-prima nas usinas siderúrgicas do país, sendo também o seu maior produtor, representando 12% da produção mundial total (IBÁ,2021). O setor de Ferroligas e Silício Metálico tem uma participação de 11% no consumo do carvão vegetal no Estado de Minas Gerais (ABRAFE, 2022). Tanto em relação ao consumo de carvão vegetal, como das emissões de CO2e, o setor é crescente, porém as emissões são totalmente compensadas pelas florestas plantadas, como demonstrado na tabela abaixo.

Fonte: ABRAFE, 2022

O carvão vegetal é o produto resultante da queima ou carbonização da madeira, sendo utilizado como agente termorredutor por 20% das siderúrgicas, e possibilitando o aproveitamento de coprodutos, como o bio-óleo, redução da geração de resíduos, criação de empregos e diversificação da produção no setor rural. 

Em 2010, o Governo Federal lançou o Plano Setorial de Reduções de Emissões da Siderurgia a Carvão Vegetal, visando não apenas promover o cumprimento da meta de redução de emissões assumida nacionalmente, mas principalmente a modernização da produção do carvão vegetal necessária para consolidar a sustentabilidade da produção do ferro-gusa a carvão vegetal. O Departamento de Engenharia Florestal, com o apoio da SIF, trouxe importantes resultados para o setor, com inovações para quantificação, monitoramento, redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa, aumento da produtividade dos fornos e melhoria da qualidade do produto, através do Projeto Siderurgia Sustentável. O Projeto busca o desenvolvimento e a demonstração de tecnologias e processos sustentáveis para a produção e uso do carvão vegetal na indústria de ferro gusa e ferroligas.

O Charcoal System, um de seus resultados, é um sistema que abrange os principais aspectos da atividade de carbonização que influenciam nas emissões de gases de efeito estufa e nos custos e receitas da produção de carvão vegetal. O sistema, que é de fácil acesso e usabilidade, apresenta resultados que auxiliam os produtores nas tomadas de decisões e em uma melhor gestão da produção. Sua aplicação se estende desde órgãos públicos que desejam estabelecer limites máximos de emissões atmosféricas, até produtores e gestores de Unidades de Produção de Carvão (UPCs) no monitoramento das emissões e demais aspectos exigidos pela Deliberação Normativa 227/2018.

Já o sistema Fornos-Fornalha, tecnologia desenvolvida por pesquisadores do Laboratório de Painéis e Energia da Madeira (LAPEM/UFV), permite diversos ganhos em rendimento, além de produzir um carvão vegetal de melhor qualidade e reduzir as emissões atmosféricas. O forno utilizado para adaptar a fornalha e os dutos para condução dos gases é um modelo baseado em forno de superfície típico, muito comum em pequenos produtores, principalmente no Estado de Minas Gerais. Ao queimar os gases originários da carbonização, em média, 90% da emissão de metano e monóxido de carbono, principais gases responsáveis pela intensificação do efeito estufa, é reduzida.

Um setor de carvão vegetal mais verde pode reduzir as emissões de GEE ao longo de sua cadeia de valor e desempenhar um papel importante nas estratégias nacionais de crescimento com baixa emissão de carbono. Além disso, a iniciativa corrobora com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que tem como proposta erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade às pessoas.