Resgate de DNA e indução de florescimento em Brumadinho

Após um dos maiores desastres ambientais do Brasil, com o rompimento da Barragem Córrego do Feijão, em janeiro de 2019, a diversidade de Brumadinho e bacia do Rio Paraopeba vem sendo recuperada, e de forma acelerada, graças ao projeto de “Resgate de DNA e Indução de florescimento em Brumadinho”, coordenado pelo Professor Glêison Santos, em parceria com a Vale.

O objetivo do projeto é resgatar o DNA de genótipos das espécies nativas do Cerrado de Minas Gerais, e levar seus propágulos para enxertia no viveiro de pesquisa do DEF na UFV para indução de florescimento afim de acelerar o processo sucessional com agentes dispersores de pólen, frutos e sementes. Algumas espécies a serem resgatadas: pequi (Cariocar brasilensis), sucupira (Bowdichia virgilioides), copaíba (Copaifera langsdorffii), jatobá do cerrado (Hymenaea stigonocarpa), faveiro de Wilson (Dimorphandra wilsonii) e Duguetia (Duguetia lanceolata), ao longo da bacia do Rio Paraopeba, que possam ser ou já foram afetadas pelo derreamento da barragem do Córrego do Feijão.

Um dos grandes resultados já alcançados nesse projeto foi a aplicação do regulador de florescimento na espécie Euplassa semicostata. Essa espécie ocorre endemicamente na futura área de mineração da empresa, e apresenta dificuldade de florescimento, de frutificação e consequentemente  a produção de sementes. Essas dificuldades impedem que a Vale plante essa espécie em outras áreas para poder realizar a mineração seguindo uma condicionante ambiental com os órgãos ambientais.

Dessa forma, a SIF foi solicitada para realizar esse trabalho, devido sua experiência em aplicação de reguladores de crescimento, notadamente o paclobutrazol, para florescimento de Eucalyptus e Corymbia. As expectativas eram que esse regulador tivesse o mesmo funcionamento para a Euplassa, e após 4 meses de aplicação foi possível observar o florescimento do material, visto que a 12 anos a empresa tentava buscar esse resultado.

O Projeto resultou em diversas espécies resgatadas e enxertadas, presentes no viveiro de pesquisa do DEF, mostrando a possibilidade de conduzir em pomares in door o aceleramento de várias espécies nativas, além de realizar essas atividades em algumas árvores que correm riscos de morte após o acidente em Brumadinho.

“O rompimento da barragem de Brumadinho foi um desastre com enormes perdas humanas e ambientais. Nós, enquanto cientistas, não podemos reverter essa situação, entretanto, estamos atuando para mitigar seus efeitos destrutivos, promovendo o resgate do DNA de árvores  gravemente afetadas por este acidente e posteriormente retornando com estes indivíduos ao seu local de origem. Ao ser convidada para fazer parte deste projeto, me senti extremamente grata e feliz por ter a oportunidade de realizar um trabalho de tamanha importância; mesmo entendendo que este seria um enorme desafio. Espero que possamos replicar os bons resultados deste projeto em outras regiões do país contribuindo cada vez mais com a conservação genética das nossas espécies nativas”, comentou Karine Fernanda Caiafa, doutoranda em Ciência Florestal e integrante deste projeto.

O trabalho realizado na região de Brumadinho, Minas Gerais, sobre resgate de DNA e aceleração de florescimento em espécies nativas obteve tanto sucesso que recentemente foi divulgado em diversos veículos da imprensa, como na Rede Record e Jornal Estado de Minas.