Caracterização biológica e molecular de vírus que infectam a Ralstonia
Solanacearum e desenvolvimento de novas tecnologias baseadas na utilização
de vírus para o biocontrole da murcha bacteriana em eucalipto

Os vírus que infectam bactérias são os organismos mais abundantes do planeta, e desempenham importantes funções para a manutenção do ecossistema. Nos últimos anos, o uso de vírus como ferramenta de controle biológico tem ganhado bastante atenção, devido, principalmente, à dificuldade de se isolar novas drogas antimicrobianas e à seleção de bactérias resistentes às drogas já existentes.

Devido a esse potencial como agentes de controle biológico, as descobertas sobre esses vírus têm aumentado o que amplia as perspectivas do manejo ecológico de doenças em plantas. Uma importante bactéria a ser controlada é a fitopatogênica Ralstonia solanacearum, causadora da murcha bacteriana. Ralstonia solanacearum é um patógeno importante para cultura da banana, batata, tomate e eucalipto, que são de grande importância econômica. O patógeno é de difícil controle, sendo que em alguns casos sua presença inviabiliza o cultivo nas regiões em que ocorre, limitando a área cultivada. Além disso, atualmente, a busca por métodos alternativos de controle de doenças, que apresentam um menor impacto ambiental e para a saúde se torna extremamente relevante.

Dentre as alternativas para controle desta bactéria,  o desenvolvimento de ferramentas biotecnológicas é uma alternativa promissora. Desta forma, o projeto tem o potencial de desenvolver novas alternativas para o controle com baixo impacto ambiental, além de ampliar o conhecimento básico sobre a diversidade de vírus que infectam bactérias.

Neste contexto, a presente proposta tem como objetivos: isolar e caracterizar vírus que infectam Ralstonia spp; investigar mecanismos de defesa antiviral em Ralstonia spp; propor novas estratégias para o controle da murcha bacteriana causada por Ralstonia spp em eucalipto.

Sabe-se que a diversidade destes vírus, e a caracterização genômica completa, além de permitir identificar vírus que podem ser utilizados como agentes de biocontrole, permite também identificar proteínas líticas e depolimerases que atuam na dispersão de biofilmes, com grande potencial biotecnológico para o desenvolvimento de novas estratégias para o controle da doença.

O trabalho proposto é coordenado pela Professora Poliane Alfenas, do Departamento de Microbiologia, em parceria com a Suzano, e envolve trabalhos de pesquisa básica, associados a objetivos aplicados uma vez que a melhor compreensão dos vírus associados a bactérias fitopatogênicos e dos mecanismos de evasão da infecção pode levar à descoberta de proteínas virais com potencial terapêutico e ao desenvolvimento de novas estratégias de controle mais eficazes e duráveis.